sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

QUANTO CUSTA SER CONCURSEIRO???

Mais de 25 turmas em andamento e um total de 2.500 alunos, sem contar com as turmas de sábados, isolados por disciplina e aulões. Essa é a realidade de um dos maiores cursinhos preparatórios para concurso em Natal.


A grande procura pelos concursos públicos é evidente, mas tem uma explicação. Com o salário médio três vezes maior que o da iniciativa privada, o emprego público garante hoje uma estabilidade financeira e um emprego certo sem risco de demissões.


Em média, para se preparar para ocupar um cargo público o concurseiro precisa desembolsar de R$ 270, a mais de R$ 1 mil por mês para pagar um curso preparatório e as apostilas de estudo. Dependendo da área em que ele quiser atuar, esse valor pode duplicar.


Porém a aprovação no serviço público não irá depender só desse fator. O candidato, além de gastar com cursos, livros e apostilas vai ter que desembolsar dinheiro para as taxas de inscrição, deslocamento para o curso, aulões, etc. Cálculos que na ponta do lápis chegam entre 10 a 15 mil reais por ano.


Existem cargos para nível fundamental, em que o custo de tudo é bem mais barato, do curso até a apostila. No IAP você encontra a preparação para alguns concursos ao custo hoje de R$ 270, completo. Cursos como para auditor da Receita (o mais procurado em Natal) está custando aos alunos R$ 980, por seis meses de aula.


Juiz e promotor, também são áreas em que os cursos e livros possuem o custo bem mais elevado. Assim, não há como precisar o montante do investimento sem considerar esses fatores e, em especial, quanto tempo a pessoa vai passar estudando.


"Quem decide concorrer a uma vaga na área pública, além de gastar dinheiro tem que ter muita força de vontade para estudar e abrir mão de certas coisas" diz Mafalda Amorim, administradora de empresas e concurseira de carteirinha. Ela divide seu tempo entre o trabalho em uma empresa privada e as aulas do cursinho preparatório. Já prestou seis concursos.


Segundo ela, o mercado de trabalho no campo administrativo é muito instável, os postos de trabalho não têm garantia de permanência prolongada e são muitos profissionais jogados no mercado de trabalho anualmente. Ela ainda não obteve sucesso nos concursos prestados, mas busca a estabilidade financeira por meio de um cargo público. "Quero passar em um concurso mas atuar como administradora" afirma.


Diferente da realidade vivida por Mafalda, largar tudo para ser servidor público tem sido a escolha de diversos candidatos, especialmente aqui no estado onde o número de vagas ofertadas cresce em níveis nunca antes vistos, um prato cheio para estudantes dedicados e esforçados. Os salários médios (R$ 4.318,) são 321% superiores aos da iniciativa privada (R$ 1.024,).


Não existe uma regra ou estatística para aqueles que desejam entrar para o funcionalismo. Segundo professores de cursos preparatórios, é preciso, porém, uma dedicação mínima de um a dois anos de estudos, e provas para alcançar o objeto de desejo. Geralmente, quanto mais horas diárias de concentração, menor é a distância até a nomeação. A opção de vários concurseiros tem sido pegar um atalho, deixando de trabalhar para se focar integralmente na preparação.


Monica Bezerra, coordenadora do IAP Cursos, localizado na zona sul de Natal diz que todos os dias recebe novos alunos. Ela conta que "grande parte dos alunos candidatos a uma vaga em emprego público possui entre 20 e 35 anos". São pessoas que ambicionam uma remuneração maior do que a que recebem pelo cargo de ocupação acadêmica. Boa parte já concluiu o ensino superior, mas acaba procurando vagas de nível médio.


Além disso, esse batalhão de candidatos inclui jovens a partir dos 18 anos, que procuram a chance de conseguir emprego sem esbarrar na falta de experiência e na cobrança de um diploma universitário, e profissionais de 35 a 40 anos que buscam uma recolocação no mercado e uma maior qualidade de vida. "Tudo é muito intenso nessa área de concurso" afirma Monica. Hoje a maior procura se concentra em concursos para a polícia, há mais de sete abertos nas policias federal, civil e municipal, em todo o país.


O que nos alerta para outro dado importante: as pessoas que prestam concurso, na maioria das vezes, não têm a preocupação de residir em Natal, ou até mesmo no estado. “A procura maior é pela remuneração alta e, em se tratando de nível superior, o sonho é trabalhar na sua área de atuação”, conclui.

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